Porto Velho, capital de Rondônia, amarga a última posição entre as capitais brasileiras no Ranking do Saneamento 2025, divulgado em julho desse de 2025, pelo Instituto Trata Brasil. O levantamento, baseado em dados do Sistema Nacional de Informações de Saneamento (SINISA, ano-base 2023), analisou os 100 municípios mais populosos do país. No recorte, a capital rondoniense aparece em 99º lugar, revelando um cenário crítico de acesso desigual a serviços básicos.
De acordo com o estudo, apenas 35,02% dos moradores da cidade têm acesso à água tratada. A situação é ainda mais grave quando se trata de esgoto: somente 9,27% contam com coleta, e apenas 12,18% do volume gerado é tratado. Outro indicador negativo é o índice de perdas na distribuição de água, que chega a 38,56%, o que significa que mais de um terço da água captada não chega às torneiras das residências.
Apesar de investimentos da ordem de R$ 110 milhões entre 2019 e 2023 — o equivalente a cerca de R$ 110 por habitante — os números mostram que os recursos aplicados estão longe de resolver a defasagem histórica na infraestrutura da capital.
“O caso de Porto Velho é um retrato da desigualdade regional no acesso a serviços básicos. Enquanto cidades do Sudeste avançam na universalização, capitais do Norte ainda enfrentam índices comparáveis aos de países mais pobres”, avalia o Instituto Trata Brasil, responsável pelo ranking.
Números na Região Norte
O relatório também revela que a precariedade não é exclusividade de Porto Velho. Cinco das sete capitais da Região Norte ocupam as últimas posições do ranking, entre elas Macapá (98º) e Rio Branco (97º).
A média regional de abastecimento de água é de 64,2%, contra 83,1% da média nacional. Já a coleta de esgoto atinge apenas 17% dos moradores da região, frente a 55,2% no país. No tratamento, os números também são preocupantes: 23,4% no Norte, bem abaixo da média nacional de 51,8%.
Desafio para políticas públicas
Especialistas em saneamento apontam que o baixo nível de cobertura compromete não apenas a saúde da população, mas também a economia e a qualidade de vida. A ausência de coleta e tratamento de esgoto está diretamente ligada ao avanço de doenças de veiculação hídrica e aumenta os custos com saúde pública.
“Investir em saneamento não é gasto, é economia futura. Cada real aplicado na área gera uma economia de até quatro reais em saúde e ganhos sociais”, afirma Édison Carlos, presidente do Instituto Aegea.
Indicadores de Porto Velho no Ranking do Saneamento 2025
Posição entre os 100 maiores municípios: 99º
Posição entre as capitais: última
Cobertura de água: 35,02%
Coleta de esgoto: 9,27%
Tratamento de esgoto: 12,18%
Perdas de água: 38,56%
Investimento per capita (2019–2023): R$ 110
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
