O Brasil voltou, em 2024, ao menor nível de fome da história, repetindo a marca registrada em 2013, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em dois anos, 26,5 milhões de pessoas deixaram a condição de insegurança alimentar, o que recoloca o país fora do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
A nova edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), que utiliza a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), mostra que o número de domicílios em insegurança alimentar grave — quando falta comida até para as crianças — caiu de 3,1 milhões para 2,5 milhões entre 2023 e 2024, uma redução de 19,9%.
Na prática, mais de 2 milhões de pessoas deixaram a fome em um ano, enquanto 8,8 milhões passaram à condição de segurança alimentar, em que o acesso à comida se torna garantido no dia a dia.
Indicadores da pesquisa
De acordo com o IBGE, o percentual de domicílios em insegurança alimentar grave caiu de 4,1% para 3,2%, enquanto os lares em segurança alimentar subiram de 72,4% para 75,8%. Considerando as formas moderada e grave, o índice chegou a 7,7%, o menor da série histórica.
A melhora foi observada em todas as regiões do país, tanto urbanas quanto rurais, embora Norte e Nordeste ainda concentrem os maiores índices de vulnerabilidade.
A pesquisa mostra ainda que, em um ano, 624 mil famílias deixaram de passar fome, e o número total de lares com insegurança alimentar leve, moderada ou grave caiu de 27,6% para 24,2%, o que equivale a 18,9 milhões de residências.
Plano Brasil Sem Fome
O governo atribui os avanços ao Plano Brasil Sem Fome, lançado em 2023, que reúne 80 ações e mais de 100 metas voltadas à erradicação da fome. A estratégia combina aumento de renda, fortalecimento de políticas sociais, apoio à agricultura familiar, ampliação da alimentação escolar e incentivo à compra pública de alimentos.
Trabalho e renda em alta
O IBGE aponta que a melhora do mercado de trabalho e o fortalecimento dos programas sociais, como o Bolsa Família e o aumento real do salário mínimo, estão entre os principais fatores que contribuíram para a redução da insegurança alimentar no país.
Um novo ciclo de reconstrução social
Os dados consolidados pelo IBGE e pela FAO indicam que o país vive um novo ciclo de reconstrução social, semelhante ao período entre 2003 e 2013, quando o Brasil havia saído pela primeira vez do Mapa da Fome.
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Foto: Lyan Santos/MDS
