A imposição de tarifas de 50% pelos EUA sobre a importação de armas e munições do Brasil ameaça diretamente a Taurus, maior fabricante do setor no país. O CEO da empresa, Salesio Nuhs, afirma que, se a medida for mantida, será “inviável” continuar produzindo no Brasil, e que a empresa avalia transferir toda sua produção para os EUA, o que pode gerar até 15 mil demissões, principalmente no Rio Grande do Sul.
As tarifas, anunciadas por Donald Trump em 9 de julho e válidas a partir de 1º de agosto, foram justificadas como resposta ao tratamento judicial dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de planejar um golpe de Estado. A decisão afetará um setor fortemente dependente do mercado americano, que comprou 61% das exportações brasileiras de armas em 2024. A Taurus, por exemplo, teve 83% de sua receita gerada nos EUA.
Apesar de já manter uma fábrica na Geórgia (EUA), grande parte da produção da Taurus ainda ocorre em São Leopoldo (RS), de onde também saem componentes usados nos produtos montados nos EUA. Analistas, porém, duvidam da viabilidade da mudança completa da operação, devido ao aumento de custos e à perda de competitividade.
Nos últimos anos, as vendas da Taurus caíram, após um pico entre 2018 e 2021, impulsionado pela flexibilização de regras no Brasil durante o governo Bolsonaro e pelo aumento da demanda americana durante a pandemia. A partir de 2021, no entanto, as vendas voltaram ao patamar anterior, pressionadas por novas regras no Brasil e pela queda na demanda global.
Pesquisadores apontam que, embora Bolsonaro tenha sido um aliado político do setor, suas políticas acabaram fragilizando a indústria nacional, tanto por abrir o mercado à concorrência estrangeira quanto por não garantir estabilidade jurídica. Agora, a combinação de tarifas externas e restrições internas coloca a Taurus em uma encruzilhada.
Fonte: Com informações da BBC
Foto: Getty Images via BBC
