O aumento de emergências envolvendo motociclistas tem adiado cirurgias eletivas de alta complexidade no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), referência do SUS no Brasil. Em 2024, mais de 1.400 procedimentos deixaram de ser realizados para dar lugar a atendimentos de urgência, principalmente de vítimas de acidentes com motos.
Segundo o Into, cada cirurgia emergencial ocupa o lugar de até cinco pacientes da fila de espera. O custo também é maior: vítimas de trânsito costumam ficar internadas por até 25 dias e exigem mais recursos, como antibióticos de alto custo.
De 2010 a 2023, motociclistas representaram 57,2% das internações por acidentes de trânsito no país, gerando um gasto de mais de R$ 2 bilhões ao SUS. Muitos dos acidentados são trabalhadores por aplicativo. Em São Paulo e Belo Horizonte, eles representam até 31% dos casos em prontos-socorros.
A diretora do Into, Germana Lyra Bahr, alerta que a situação compromete o atendimento a uma população que envelhece e demanda mais cuidados ortopédicos. “Nosso problema não é orçamento, é capacidade física e de pessoal”, afirma.
Um exemplo é Eduardo Barbosa, de 39 anos, que sofreu um grave acidente de moto em 2022. Após várias cirurgias e três anos de reabilitação, ele ainda enfrenta uma longa recuperação. Casos como o dele se tornam cada vez mais comuns no país.
Segundo a terapeuta ocupacional Martha Menezes, 90% dos pacientes em reabilitação no Into são motociclistas. Muitos ficam com sequelas permanentes, perdem a capacidade de trabalho e enfrentam queda na qualidade de vida.
Fonte: Com informações da Agência Brasil Foto: Tânia Rêgo
