Anotações de assessor de Braga Netto aponta Bolsonaro como líder do golpe

Informações foram encontradas no celular do coronel da reserva Flávio Peregrino
Coronel Peregrino trabalhava como assessor de Braga Netto

Um farto conteúdo probatório descoberto pela Polícia Federal (PF) sobre a liderança do ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL) no golpe de Estado fracassado no 8 de Janeiro, foi encontrado no telefone celular do coronel da reserva do Exército Flávio Peregrino, assessor do general Walter Braga Netto, preso atualmente em unidade militar do Rio de Janeiro. Peregrino exercia, para Braga Netto, posto equivalente ao do ajudante de ordens Mauro Cid para Bolsonaro.

Anotações, mensagens e arquivos localizados, com autorização judicial, revelam ações inéditas da trama golpista acionada após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022. O conteúdo também evidencia o incômodo dos militares com a estratégia da defesa do ex-presidente de culpá-los pelas ações que culminaram no quebra-quebra perpetrado na Praça dos Três Poderes.

Anotações

Em uma de suas anotações, o coronel frisa que o líder dessas articulações era o ex-presidente Jair Bolsonaro e diz que os militares tentaram ajudá-lo porque “sempre foi a intenção dele” permanecer no poder mesmo após ter sido derrotado na eleição. A informação reforça a acusação contra o ex-presidente, que será levada a julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).

Procurada pela reportagem do diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo (OESP), que teve acesso exclusivo ao relatório da PF e o divulgou nesta segunda-feira, a defesa de Braga Netto preferiu não se manifestar sobre as mensagens e a de Bolsonaro não respondeu aos pedidos de comentário. Já o advogado Luís Henrique Prata, que defende o coronel Peregrino, disse que as anotações foram “formuladas com base na liberdade de expressão e no contexto da assessoria de um dos envolvidos”.

Oportunismo

Mensagens enviadas a si mesmo e documentos produzidos para analisar as investigações em curso indicam que o coronel Peregrino rechaça a tese apresentada pela defesa de Bolsonaro de que os planos golpistas partiram da iniciativa dos militares. O oficial argumenta que “todas ações dos militares foram feitas para tentar ajudar Bolsonaro a cumprir seu desejo de permanecer no poder”, acrescenta o texto.

“Um desses documentos tinha o título ‘Ideias gerais da defesa’ e foi redigido por Peregrino em 28 de novembro de 2024. Continha anotações sobre as articulações golpistas e estratégias para a defesa de Braga Netto, uma semana após a PF ter deflagrado uma operação que revelou a existência de planejamento dos militares das Forças Especiais para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do Supremo Alexandre de Moraes”, continua.

Peregrino critica, ainda, uma tese divulgada naquela época pela defesa de Jair Bolsonaro de que ele seria o alvo de um golpe dos militares, que iriam assumir o poder e afastá-lo da Presidência da República. “Oportunismo e o que mostra que tudo será feito para livrar a cabeça do B (Bolsonaro). Estão colocando o projeto político dele acima das amizades e da lealdade que um Gen H (Heleno) sempre demonstrou ao B (Bolsonaro)”, gravou Peregrino.

Indiciados

O coronel descreve, adiante, que a defesa de Bolsonaro havia começado a construir uma tese de que seus aliados haviam apresentado propostas para se manter no poder, mas o golpe não havia sido consumado porque o então presidente resistiu às pressões e não quis concretizar nenhum plano.

O argumento do ex-presidente é desmontado quando Peregrino afirma ter ouviu dos indiciados, os advogados e os militares que acompanharam as articulações realizadas em novembro e dezembro de 2022, que a tese de Bolsonaro não correspondia aos fatos presenciados por eles.

“A posição de muitos envolvidos (indiciados) é que buscaram sempre soluções jurídicas e constitucionais (Estado de Defesa e de Sítio, GLO e artigo 142). Tudo isso para achar uma solução e ajudar o Pres B (presidente Bolsonaro) a se manter no governo (pois SEMPRE foi a INTENÇÃO dele), em função de suspeitas de parcialidade no processo eleitoral e desconfiança nas urnas eletrônicas”, define o militar.

“Deixar colocarem a culpa nos militares que circundavam o poder no Planalto é uma falta total de gratidão do B (Bolsonaro) àqueles poucos, civis e militares, que não traíram ou abandonaram o Pres. B (Bolsonaro) após os resultados do 2º turno das eleições”, concluiu.

Fonte: correiobraziliense.com.br

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