Estudantes do ensino médio integral tiveram melhor desempenho no Enem 2024 em comparação com alunos de escolas de turno parcial, segundo estudo do Instituto Sonho Grande. A análise, baseada em microdados do Inep, mostrou que a maior diferença está na redação: alunos do tempo integral tiveram, em média, 12 pontos a mais. Em escolas com 100% das matrículas integrais, a diferença chega a 27 pontos. Em matemática, a vantagem é de cinco pontos.
O modelo de ensino integral exige jornada mínima de sete horas por dia ou 35 horas semanais. A diretora-executiva do Instituto, Ana Paula Pereira, destaca que a modalidade amplia oportunidades educacionais e profissionais, além de reduzir vulnerabilidades sociais.
O Nordeste lidera em matrículas de ensino médio integral, com destaque para Pernambuco (69,6%) e Ceará (54,6%). Nesses estados, a diferença nas notas é ainda maior: em Pernambuco, a redação registra 68 pontos a mais; no Ceará, 134. A maior presença do modelo está relacionada ao investimento consistente dos governos locais.
Outro levantamento, feito pelos economistas Naercio Menezes Filho e Luciano Salomão com o Instituto Natura, apontou que estudantes do ensino integral têm 16,5% mais participação no Enem e 29 pontos a mais em redação, com dados entre 2017 e 2019.
Além do desempenho acadêmico, estudos mostram que o ensino integral melhora o acesso ao ensino superior, emprego e renda, e reduz problemas sociais como violência e evasão escolar.
Apesar do crescimento, o Brasil ainda não atingiu a meta do Plano Nacional de Educação para 2024: 25% das matrículas em tempo integral na educação básica. Atualmente, esse índice está em 22,9%. No ensino médio, o avanço foi de 14,1% em 2020 para 24,2% em 2024.
Os principais desafios para ampliar o modelo são: financiamento público contínuo, apoio a estudantes vulneráveis e reorganização das redes estaduais. O Programa Escola em Tempo Integral, lançado em 2023 pelo MEC, pretende criar 3,2 milhões de novas vagas até 2026.
Ana Paula Pereira defende metas mais ambiciosas para 2035, com ao menos 50% das matrículas e 70% das escolas funcionando em tempo integral, priorizando estudantes mais vulneráveis e um modelo pedagógico que faça sentido para os jovens.
Fonte: Com informações da Agência Brasil
Foto: aquiacontece
