Festival Paredes Vivas – Cinzas da Floresta: artistas e estudantes produzem murais feitos com tintas de cinzas de incêndios florestais

Manaus está sendo a primeira cidade a receber a edição de 2025

Manaus, capital amazonense, está sendo a primeira cidade a receber a nova edição do Festival Paredes Vivas – Cinzas da Floresta, iniciativa cultural que transforma cinzas reais de incêndios florestais, em tintas para criar murais urbanos que denunciam a destruição ambiental e homenageiam os brigadistas florestais.

A edição de 2025 reforça a presença da Amazônia urbana e periférica no debate ambiental e antecipa o contexto da COP30, que será realizada no Brasil.

Imagens da edição de 2024

Desde de segunda-feira (21), até o dia sexta-feira (25), o bairro Lago Azul, em Manaus está sendo o palco de duas ações principais: a pintura de uma empena em um prédio residencial, feita pela artista local Mia Montreal, e a realização de um mural colaborativo com estudantes da Escola Estadual Eliana Socorro Pacheco Braga, conduzido por Denis L.D.O.

Além das obras, os estudantes participam de oficina de arte e educação socioambiental, com exibição do curta “Cinzas da Floresta”, debate e pintura com tintas feitas de cinzas. A programação inclui ainda uma visita guiada à empena pelos alunos.

Histórias que ecoam entre cinzas

A obra da empena, intitulada “A Altruísta”, retrata Débora Avilar, que perdeu seu filho de cinco meses por complicações respiratórias causadas pela fumaça dos incêndios florestais. Hoje, ela atua como brigadista voluntária. A artista Mia Montreal se inspirou em Débora para homenagear mulheres que, mesmo diante da dor, transformam sofrimento em cuidado coletivo.

Na escola, a obra “Psicoholograma” projeta um guariba, espécie símbolo da fauna amazônica, como uma criatura robótica, expressando um futuro em que a floresta só sobreviveria artificialmente. A imagem é um alerta emocional, especialmente em um bioma que, em 2024, registrou a maior área queimada da história, com mais de 15 milhões de hectares, segundo o MapBiomas.

A maior parte dos incêndios no Brasil é causada por ação humana. No contexto das mudanças climáticas, brigadistas florestais, a maioria de forma voluntária, são a linha de frente no combate ao fogo e na proteção da biodiversidade e das pessoas.

As tintas utilizadas nas obras são feitas com cinzas reais coletadas por brigadistas voluntários de todo o Brasil em 2024. A tinta, misturada com resina acrílica, carrega traços do que foi perdido e, ao mesmo tempo, o potencial de memória e reconstrução. Parte do processo foi documentado no filme “Cinzas da Floresta”, dirigido por André D’Elia e idealizado por Mundano, fundador da Parede Viva. Assista ao trailer.

Arte para além do centro: Amazônia urbana e COP30

A edição do Festival em Manaus, antecipa simbolicamente os debates da COP30, que acontecerá em Belém. A proposta é ampliar a visibilidade da Amazônia urbana e periférica, muitas vezes ignorada nas discussões ambientais.

Segundo a coordenadora do projeto, Bea Mansano, “a arte urbana aproxima temas urgentes das comunidades e transforma espaços invisibilizados em pontos de memória coletiva e resistência”.

Histórico e impacto

Manaus abre a segunda edição temática “Cinzas da Floresta” e a terceira edição geral do Festival Paredes Vivas. Em 2024, o Festival passou por Campo Grande, Fortaleza, Goiânia, Belém e São Paulo, com ampla repercussão na mídia e nas redes sociais.

jornaldamazonia.com / Com informações do portalamazonia.com

Total
0
Shares
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Prev
Governo lança edital com 1.778 vagas para médicos especialistas

Governo lança edital com 1.778 vagas para médicos especialistas

Next
Polícia Civil deflagra operação “Linha de Frente” em Ouro Preto

Polícia Civil deflagra operação “Linha de Frente” em Ouro Preto

You May Also Like
Total
0
Share