
Cabo Verde vai disputar a Copa do Mundo pela primeira vez em sua história. Com isso, o país africano se torna o menor em extensão territorial a garantir uma vaga no torneio.
A classificação veio após Cabo Verde terminar na liderança do Grupo D das Eliminatórias Africanas. A confirmação aconteceu nesta segunda-feira (13), com a vitória sobre Essuatíni por 3 a 0. Porém, o grande feito havia sido registrado no mês passado, quando os Tubarões Azuis derrotaram a favorita Camarões e assumiram a ponta da chave.
O país, com apenas 4.033 km², supera Trinidad e Tobago, que tem 5.128 km² e disputou o Mundial de 2006, tornando-se a menor nação a jogar uma Copa do Mundo.
Laços com o Brasil
A relação de Cabo Verde com o futebol brasileiro já causou curiosidade. Em 2006, a federação anunciou Ricardo Rocha como treinador, gerando confusão: muitos acreditaram se tratar do ex-zagueiro campeão mundial em 1994, mas era apenas um homônimo, que deixou o cargo em 2007. Mais recentemente, durante as Eliminatórias, o atacante Alessio da Cruz, do Athletic Club (Série B do Brasileirão), foi convocado, mas não participou desta Data Fifa. Ele soma quatro jogos pela seleção cabo-verdiana.
Estreantes na Copa de 2026
Cabo Verde é a terceira seleção estreante a garantir vaga na Copa de 2026, junto com Uzbequistão e Jordânia, que se classificaram pelo continente asiático.
Atualmente, 22 países já estão confirmados para o torneio, que terá 48 participantes: Canadá, Estados Unidos e México (sedes); Argentina, Brasil, Colômbia, Equador, Paraguai e Uruguai (América do Sul); Argélia, Cabo Verde, Egito, Gana, Marrocos e Tunísia (África); Austrália, Coreia do Sul, Irã, Japão, Jordânia e Uzbequistão (Ásia); Nova Zelândia (Oceania). O sorteio da fase de grupos ocorrerá em 5 de dezembro, nos Estados Unidos.
Uma história de descobertas
Cabo Verde, formado por ilhas na costa ocidental da África, tem pouco mais de 500 mil habitantes — menos que 21 das 27 capitais brasileiras. É também um dos nove países do mundo com o português como idioma oficial.
A língua quase impediu que um dos destaques da seleção, o zagueiro Roberto Lopes, conhecido como Pico, se juntasse à equipe. Nascido em Dublin, filho de pai cabo-verdiano e mãe irlandesa, ele chegou a jogar pelas seleções de base da Irlanda. Em 2019, recebeu uma mensagem no LinkedIn convidando-o a defender Cabo Verde. Inicialmente, pensou que fosse spam, mas uma segunda tentativa, em inglês, mudou sua trajetória.
“Essa experiência me abriu a mente, me permitiu conhecer lugares que nunca imaginaria, adentrar na cultura africana e aprender o idioma. Transformou minha carreira e minha vida pessoal”, disse Pico.
Agora, ele integra os Tubarões Azuis, apelido da seleção, inspirado na localização das ilhas no Atlântico e na cor do uniforme.
Campanha histórica
Cabo Verde liderou o Grupo D das Eliminatórias Africanas com 23 pontos, obtidos em sete vitórias, dois empates e uma derrota. A equipe superou gigantes do continente como Camarões e Angola.
O momento mais marcante aconteceu em setembro, quando derrotou Camarões por 1 a 0 em casa. Os torcedores invadiram o campo em comemoração ao gol histórico de Dailon Livramento, celebrando o feito que garante a primeira participação do país em uma Copa do Mundo.
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