Israel se prepara para receber 22 reféns submetidos à tortura e privações durante dois anos

País cria a medicina do cativeiro para atender reféns do Hamas

Israelenses e judeus em todo o mundo aguardam, com a respiração suspensa, o retorno de 22 reféns mantidos prisioneiros pelo Hamas por quase 780 dias. Durante todo esse tempo, eles não tiveram acesso a cuidados médicos, alimentação adequada, luz solar ou ventilação, sendo submetidos a torturas físicas e psicológicas. A maioria permaneceu em túneis a até 50 metros abaixo do solo, em ambiente úmido, sem iluminação natural e com oxigenação precária.

O caso é inédito na história recente: nenhum país moderno teve de se preparar para receber cidadãos que passaram tanto tempo confinados nessas condições. Por isso, profissionais de saúde israelenses estão desenvolvendo um novo campo de atuação médica, denominado medicina do cativeiro, voltado aos primeiros-socorros, tratamentos e reabilitação física e emocional dessas pessoas.

Nas últimas horas, um jornal israelense informou que a Cruz Vermelha mantém contato direto com parte dos reféns e teria notificado o governo de Israel sobre o estado grave de alguns deles. A informação não foi confirmada oficialmente, mas, se verdadeira, seria o primeiro contato da organização com os sequestrados desde outubro de 2023.

Tratamento multidisciplinar

Assim que cruzarem a fronteira entre Gaza e Israel em ambulâncias da Cruz Vermelha, os reféns serão levados a três hospitais israelenses. Lá, se reunirão com familiares próximos em áreas isoladas da imprensa e do público.

As equipes médicas aprenderam lições importantes com as libertações anteriores, em novembro de 2023 e janeiro de 2025. Elas apontam que são necessárias semanas ou meses para compreender os danos físicos e psicológicos causados pelo cativeiro. Por isso, o tratamento envolverá nutricionistas, psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e diversos especialistas.

Os reféns ficaram longos períodos acorrentados, sem espaço para se mover, sem luz solar, água potável ou alimentos suficientes. Nenhum recebeu tratamento para ferimentos sofridos durante a captura, e muitos viveram meses em isolamento, submetidos a abusos físicos e psicológicos.

A diretora de enfermagem do Hospital Bellinson, Michal Steinman, afirmou que o aprisionamento prolongado deixa marcas profundas no corpo e na mente, exigindo tempo e cuidado para a recuperação. Muitos reféns libertados em janeiro de 2025 ainda estão internados, recebendo fisioterapia intensiva, acompanhamento psiquiátrico e reabilitação cognitiva.

Período prolongado no hospital

Outra lição foi a importância de manter os ex-reféns sob cuidados hospitalares por um período estendido, permitindo uma readaptação gradual à vida fora dos túneis. A equipe médica precisa de sensibilidade para distinguir o que requer tratamento imediato e o que pode esperar alguns dias. Também é necessário reeducar o corpo para a alimentação, com planos individuais para reaprender a digerir e metabolizar alimentos.

Assistentes sociais e psicólogos ajudam na reconstrução de laços familiares e sociais. Após dois anos sob controle total dos captores, muitos precisarão reaprender o significado de liberdade, intimidade e confiança. As famílias, algumas sem notícias desde o sequestro, recebem apoio psicológico para o reencontro.

Há expectativa de que o Hamas também devolva os corpos de cerca de 30 reféns. Parte foi assassinada em 7 de outubro de 2023, durante a invasão ao sul de Israel; outros morreram em cativeiro. Embora o acordo de cessar-fogo preveja a entrega de todos, o grupo afirmou ter perdido o controle sobre a localização de vários corpos.

Israel montou uma equipe para identificação e resgate de restos mortais em Gaza, um processo demorado e arriscado. Na tradição judaica, os corpos são considerados tão sagrados quanto a alma, e o sepultamento digno é uma necessidade espiritual profunda.

Após dias de euforia com o cessar-fogo, os israelenses vivem horas de tensão e expectativa. O país se prepara para acolher os sobreviventes e, ao mesmo tempo, enterrar seus mortos.

jornaldamazonia.com / Com informações do IG

Foto: Ahmad Gharabli / AFP

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