Maior local de desova de tartarugas do mundo fica na Amazônia

Pesquisadores identificaram mais de 41 mil tartarugas no Rio Guaporé

A Amazônia, maior bioma brasileiro, está envolvido diretamente no processo de reprodução das tartarugas. Um estudo liderado pela Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, em parceria com pesquisadores do Brasil e da Bolívia, identificou o maior local já registrado de desova de tartarugas-da-amazônia (Podocnemis expansa).

Foram identificados mais de 41 mil animais no Rio Guaporé, uma região na Amazônia entre o território brasileiro e boliviano. A espécie estudada pelos cientistas está ameaçada de extinção e sua conservação é considerada urgente. A pesquisa foi publicada na revista científica Journal of Applied Ecology nesta quinta-feira (18/7).

Geralmente encontradas no Brasil, Colômbia e Bolívia, as tartarugas-da-Amazônia têm preferência por água doce, além de serem dóceis. Os répteis podem chegar a medir 89 cm e pesar 59 kg e sua rotina alimentar é baseada em frutas, sementes, folhas, peixes, caranguejos e camarões.

Técnica inovadora

Em 2024, a equipe de pesquisa da universidade norte-americana passou a utilizar drones para contar a quantidade de tartarugas existentes na Flórida e arredores, além de identificar quantas fêmeas se deslocavam para desovar os ovos. Em seguida, os cientistas utilizavam um processo chamado ortomosaico – uma técnica que junta e sobrepõe centenas de imagens aéreas de alta resolução – para estimar a quantidade de animais no ambiente.

“Descrevemos uma nova maneira de monitorar populações animais com mais eficiência. Embora o método seja usado para contar tartarugas, ele também pode ser aplicado a outras espécies”, destaca o autor principal do artigo, Ismael Brack, ecologista da Universidade da Flórida, em comunicado.

Apesar de ser uma técnica inovadora e mais eficiente, o ortomosaico não consegue desconsiderar a movimentação dos animais e pode acabar contando várias vezes a mesma tartaruga.

Refinamento na Amazônia

Para resolver o problema, os pesquisadores marcaram os cascos de 1.187 das tartarugas-da-amazônia com uma tinta branca não tóxica. Durante 12 dias, um drone sobrevoou o Rio Guaporé, em em trajetos de ida e volta quatro vezes ao dia, com o veículo aéreo tirando 1,5 mil fotos em cada um deles.

Usando um software, a equipe de pesquisa juntou as fotos e revisou as imagens produzidas para ver se os animais estavam marcados e o que eles estavam fazendo. Munidos com os dados, eles desenvolveram modelos de probabilidade que analisavam o comportamento das tartarugas e quantas vezes os animais entravam e saiam da área observada.

Inicialmente, 79 mil tartarugas foram contadas sem o controle por movimentação, depois as observações em terra estimaram apenas 16 mil indivíduos. No entanto, os métodos estatísticos dos pesquisadores entraram em cena, chegando a uma estimativa precisa de cerca de 41 mil tartarugas.

“Esses números variam muito, e isso é um problema para os conservacionistas. Se os cientistas não conseguirem estabelecer uma contagem precisa dos indivíduos de uma espécie, como saberão se a população está em declínio ou se os esforços para protegê-la estão sendo bem-sucedidos?”, indaga Brack.

Agora, os cientistas planejam ampliar os estudos para outros países da América do Sul, como Colômbia, Peru e Venezuela, além de refinar ainda mais os métodos de monitoramento com drones.

Fonte: Metrópoles

Foto: Divulgação

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