Violência contra profissionais da imprensa cai em 2024, diz Fenaj

Entidade registrou 144 agressões contra jornalistas ao longo do ano passado

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) registrou 144 casos de agressões contra profissionais da imprensa em 2024 — uma queda de 20,44% em relação a 2023, quando houve 181 registros. Mesmo com a redução, a entidade alerta que o nível de violência continua alto e preocupante.

Segundo a presidente da Fenaj, Samira de Castro, o cenário atual ainda reflete os impactos do governo de Jair Bolsonaro (2019–2022), período em que, segundo ela, a violência contra a imprensa foi institucionalizada. “Atacar jornalistas virou algo comum, e isso é grave”, afirmou.

O relatório da entidade aponta o aumento do assédio judicial (de 13,81% para 15,97%) e da censura (de 5 para 11 casos). Já as agressões físicas caíram de 40 para 30, mas incluem situações graves, como tentativas de homicídio. Ameaças e intimidações se mantiveram estáveis, com 35 ocorrências.

Durante o período eleitoral (maio a outubro), ocorreram quase 39% dos ataques, com destaque para o mês de julho, o mais violento do ano. A Fenaj relaciona esse aumento ao acirramento do discurso de ódio, especialmente por grupos de extrema direita.

A Região Sudeste lidera os casos (38), com destaque para São Paulo (23), seguida do Nordeste (36), onde a Bahia teve o maior número (9). Houve crescimento no Sul e no Norte, enquanto o Centro-Oeste apresentou queda expressiva (de 40 para 17 casos), embora haja suspeita de subnotificação.

Políticos continuam sendo os principais agressores (33,3% dos casos), seguidos por apoiadores, manifestantes e servidores públicos. A violência de gênero também preocupa, com ataques misóginos direcionados a jornalistas mulheres.

No cenário global, 122 jornalistas foram assassinados em 2024, a maioria na Faixa de Gaza. A Fenaj alerta para riscos à liberdade de imprensa, especialmente diante da possível reeleição de Donald Trump e da atuação das big techs na disseminação de desinformação.

A entidade reforça a necessidade de medidas urgentes para garantir segurança, salários dignos e o combate ao discurso de ódio, sobretudo com a aproximação das eleições de 2026.

Fonte: Com informações da Agência Brasil

Foto: Lula Marques

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