Audiências online enfraquecem combate a abusos, indica pesquisa

Estudo também revela que denúncias raramente resultam em decisões favoráveis

Um estudo do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) aponta que audiências de custódia realizadas por videoconferência reduzem a proteção de direitos e dificultam a apuração de tortura e maus-tratos, em comparação ao formato presencial. A pesquisa analisou 1.206 sessões entre setembro e dezembro de 2024, em dez cidades de seis estados.

Apenas 19,3% das pessoas custodiadas relataram violência policial, com maior concentração em Salvador e Betim. Segundo o levantamento, o respeito aos direitos foi 17,5% maior nas audiências presenciais, e a atuação do juiz se mostrou mais eficaz quando ele estava no mesmo ambiente da pessoa presa.

O estudo também revela que denúncias raramente resultam em decisões favoráveis: entre 27 relaxamentos de prisão analisados, só um mencionou violência policial. Além disso, audiências virtuais ocorreram majoritariamente em locais inadequados e, na maioria dos casos, sem a presença física da defesa.

A pesquisa aponta ainda desigualdades raciais e de gênero no tratamento das denúncias e conclui que a virtualização, intensificada após a pandemia, agravou falhas estruturais. Para o IDDD, o desafio não é a falta de normas, mas o descumprimento das regras já existentes, o que compromete a função das audiências de custódia como instrumento de prevenção de abusos.

Fonte: jornaldamazonia.com

Imagem: Tiago Stille

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